Como feriado este ano é raridade, e agora a gente depende deles para viajar, tínhamos ínumeras opções de destinos. Uma coisa era certa, iríamos caminhar pelo menos 2 dias, e a Carol e o Ricardo (nossos companheiros de caminhadas, escaladas, rangos e copos de vinho) iriam conosco (ou a gente iria com eles ?). Depois de muita discussão, resolvemos fazer a travessia que liga o vilarejo de Lapinha da Serra à cachoeira do Tabuleiro, cruzando a Serra do Espinhaço, de oeste a leste, na região denominada de Serra do Cipó, localizadas a uns 100 quilômentros nordeste de Belo Horizonte, ou seja, longe pra caramba.
Depois de quase 10 horas de viagem, na quinta-feira às 2 da matina, fomos recebidos pelo Seu Waldir, Dona Maria do Rosário e o resto da família, em sua casa/pousada. Onde nos acomodamos magnificamente para umas 6 horinhas de descanso, seguidos por um delicioso café-da-manhã mineiro. As 9:00 já estávamos com as mochilas prontas para começar a caminhada. Já havíamos acertado com um taxista local, o Seu Wando (quem, aliás, arranjou o nosso local de pernoite), para fazer nosso resgate, ou seja, levar para Lapinha da Serra e buscar na Cachoeira do Tabuleiro , 2 dias depois. O carro ficou lá na pousada do Seu Waldir.
O primeiro dia de caminhada foi muito tranquilo, cruzamos vários riachos , subimos uns morrinhos (mas nenhuma pirambeira), descemos um campão bem bonito , com muitas flores do campo, Sempre-Vivas e um capinzinho que lembrava muito o Capim Dourado lá do Deserto do Jalapão e descansamos um monte. A gente mais ficou parado olhando a paisagem, conversando e comendo (levamos muiiiitttaaaaa comida) do que andou. No meio da tarde, chegamos na casa da Dona Ana Benta, uma senhorinha, que mora sozinha, lá no meio do nada, onde só se chega a cavalo ou a pé, mas nem a energia elétrica chegou ainda. A casa dela, apesar de simples é uma graça, o jardim florido , a horta é de dar inveja , e os bichos são muito bem cuidado, tinha de tudo, , cachorro, galinha, vaca e até um papagaio que pergunta ‘Como cê tá?’ e não tem asas cortadas, tampouco vive em gaiola, e deve ser a companhia nos dias de solidão da Dona Ana.
A casa da Dona Ana é parada quase que obrigatória pra quem faz esta trilha. Ela cede o quintal para camping, esquenta água no forno a lenha para o banho (num sistems de serpentinas bem interessante), serve café, faz o jantar e bate um bom papo com qualquer um que passe por lá. Como a gente chegou cedo(outros grupos chegram pelo menos umas 2 horas depois de nós), ficamos um tempão conversando com a Dona Ana. Ela nos mostrou a horta, que tinha vários tipos de laranja, um monte de verduras, uva, cana e até o café que ela nos serviu (tipo mineiro, fraco e doce) foi plantado, colhido, torrado e moído ali naquele quintal. Depois montamos acampamento e tomamos um banho quentinho, que eu nunca tinha tido a oportunidade de tomar em uma travessia destas. Só aí começou a chegar mais gente. Quando a noite caiu, deveriam ter umas 20 pessoas ali, na cozinha.
Não tínhamos certeza se haveria jantar pra gente na casa da Dona Ana, já que ela não tem telefone (na verdade tem, mas não funciona), então levamos nosso próprio jantar, e tenho que admitir, Que Jantar (acho que eu e Carol – o Ricardo ajudou também- estamos ficando cada vez melhor neste negócio de cozinhar no fogareiro, principalmente depois do advento da Vapza – que são aquelas comidas ou ingredientes cozidos e embalados à vácuo), fizemos escondidinho de carne seca com mandioca, molho branco, queijo e, o toque especial, couve fresquinha, colhida na hora . Após um dedinho de proza com a minerada, desmaiamos no saco de dormir.
O segundo dia de caminhada foi um pouco mais intenso. Quase não paramos nas primeiras 3 ou 4 horas até a casa do Seu José e da Dona Maria, nosso camping da segunda noite. A casa é bem parecida com a da Dona Ana, mas tem energia elétrica e telefone. Almoçamos, deixamos as mochilas num cantinho e seguimos para a parte alta da cachoeira do Tabuleiro (o ponto forte da travessia). A cachoeira é bem alta e o rio que desemboca nela é meio escondido , formando um corredor de pedras que acaba em um paredão de 273 metros (terceira maior do país). Um visual incrível. Voltamos quase no escuro para a casa do Seu José. E, nesta noite, comemos uma comidinha caseira de forno a lenha, deliciosa, carne cozida, salada, farofa de frango, arroz, feijão, macarrão e um suquinho de limão-cravo. Depois banho quente e cama (quer dizer, saco).
No último dia, acordamos com o café cheirando forte e um queijinho minas curado delicioso e banana, que só vieram a acrescentar um gostinho de roça ao nosso café-da-manhã, canjica (embalada à vácuo é claro) com leite condesado e côco ralado. Daí desarmamos acampamento e seguimos para a entrada do parque estadual, onde chegamos após umas 2 ou 3 horas de caminhada. Largamos as malas na portaria e descemos para o poção da cachoeira, mais 1 hora de descida, e já estávamos tomando banho naquela água gelada. O visual ali também é muito bonito . Depois mais 1 hora de subida e o Seu Wando já estava esperando por nós na portaria. Tínhamos ainda mais quase 3 horas de estrada, por isso paramos no vilarejo homônimo à cachoeira, no tradicional restaurante Rupestre, para um saudoso (esta foi nossa segunda viagem para lá, por isso não víamos a hora de comer) pastel de Angú .
Chegamos na casa do Seu Waldir, e o cheiro do jantar que a Dona Maria do Rosário tinha preparado para nós, estava no ar. Daí foi, comida, cama e um longo dia de viagem.
Belo passeio primos, gostei das fotos, abraço
ResponderExcluirBão dimais da conta sô!
ResponderExcluirParabéns pela matéria, fotos e por valorizar a acolhida simples mas generosa dos nossos amigos (as) Dona Ana Benta, Dona Maria e Sr Zé, moradores do Alto da Serra do Intendente.
Voces puderam constatar as maravilhas do quintal da nossa casa onde estão as maiores cachoeira do Brasil.
Estão convidados e uma outra oportunidade a tomar um café e conhecer nossa arvore gameleira com mais de 300 anos aqui no Tabuleiro na Pousada Gameleira.
Forte abraço e muitas aventuras.
Inté, Samuel - Pousada Gameleira
alguem o telefone da dona maria, eu tinha anotado a ultima vez que eu fui ai só perdi meu telefone, grande perda, se puderem me ajudar ficarei muito agradecido pois pretendo voltar
ResponderExcluirLindas as fotos! E quando o casal aventureiro vier para esses lados, avisa ok?! :)
ResponderExcluirBjos!
Sou a Juca..prima da Carola..lindoooooooo passeio e parceria..continuem assim..JU
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