"Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular"

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Curiosidade sobre o Taj Mahal

Lendas e hipóteses

Origem do nome

A palavra "Taj" provem do persa, linguagem da corte mogol, e significa "Coroa", enquanto que "Mahal" é uma variante curta de Mumtaz Mahal, o nome formal na corte de Arjumand Banu Begum, cujo significado é "Primeira dama do palácio". Taj Mahal, então, refere-se à "coroa de Mahal", a amada esposa de Shah Jahan. Já em 1663 o viajante francês François Bernier mencionou o edifício como "Tage Mehale".

O Taj Negro

Uma lenda afirma que se previu construir um mausoléu idêntico na margem oposta do rio Yamuna, substituindo o mármore branco por negro. A lenda sugere que Shah Jahan foi destronado por seu filho Aurangzeb antes de que a versão negra fosse edificada, e que os restos de mármore negro que são encontrados no rio são as bases inacabadas do segundo mausoléu.

Estudos recentes desmentem parcialmente esta hipótese e projetam novas luzes sobre o desenho do Taj Mahal. Todos os restantes grandes túmulos mogóis situavam-se em jardins formando uma cruz, com o mausoléu no centro. O Taj Mahal, pelo contrário, está disposto em forma de um grande "T" com o mausoléu num extremo. O rastro das ruínas na margem oposta do rio estende o desenho até formar um esquema de cruz, em que o próprio rio se converteria em canal central de um grande chahar bagh. A cor negra parece ser produto da ação do tempo sobre o mármore brancos originalmente abandonados no local. Os arqueólogos chamaram a este segundo e nunca construído Taj como "Mahtab Bagh", ou seja, "Jardim da Luz da Lua".

O programa do History Channel sobre o Taj Mahal especula que o Taj Negro seria a imagem do Taj Mahal refletido na água.

O túmulo assimétrico de Shah Jahan

 

De notar que o cenotáfio de Shah Jahan está deslocado do centro, como foi colocado na sua morte.

Aurangzeb situou o túmulo e o cenotáfio de Shah Jahan no Taj Mahal em vez de lhe construir um mausoléu próprio como era característico para os imperadores. Esta ruptura da simetria é atribuída por uma lenda complementar do Taj Negro à malícia ou à indiferença de Aurangzeb. Os avós deste último tinham sido já sepultados num mausoléu com configuração assimétrica semelhante.

O filho de Shah Jahan era um homem piedoso, e o Islão evita todo o tipo de ostentação, especialmente no aspecto funerário. Assim, em lugar de utilizar um ataúde, era normal usar simplesmente um sudário para sepultar os mortos.

Os livros islâmicos descrevem a sepultura em ataúdes como "um gasto inútil, que poderia ser melhor utilizado para alimentar o faminto ou ajudar o necessitado". Segundo a visão de Aurangzeb, construir um mausoléu novo para Shah Jahan teria sido um desperdício. Por isso sepultou o seu pai junto a Mumtaz Mahal sem mais complicações.

Mutilação dos trabalhadores

Um sem-fim de histórias descrevem, muitas vezes com detalhes horripilantes, a morte, desmembramento e mutilação que Shah Jahan teria infligido a vários artesãos relacionados com a construção do mausoléu. Talvez a história mais repetida é a de que como o imperador teve à sua disposição os melhores arquitetos e decoradores, depois de completar o seu trabalho fazia-os cegar e cortar as mãos para que não pudessem voltar a construir ummonumento que igualasse a superioridade do Taj Mahal. Nenhuma referência respeitável permite assegurar estas hipóteses, na qual alguns creem, por outro lado, que fosse uma prática bastante comum em relação a alguns grandes monumentos da Antiguidade.

Elementos desaparecidos

São várias as lendas em relação a muitos elementos roubados pertencentes ao Taj Mahal. Alguns foram deteriorados pelo tempo, mas muitos dos supostos elementos em falta são apenas lendas.

Entre as falsas perdas mais difundidas, destacam-se:

  • As folhas de ouro, que supostamente cobriam toda a parte da cúpula principal.
  • A Varanda dourada, que teria rodeado os cenotáfios, possivelmente por confusão com os limites provisórios colocados e logo substituídos ao terminar as cantarias de mármore.
  • Os diamantes, supostamente incrustados nos cenotáfios.
  • O tecido de pérolas, que segundo alguns cobria o cenotáfio de Mumtaz.

Outros elementos perderam-se ao longo do tempo, entre eles:

  • Os portões de prata do forte de acesso.
  • As folhas douradas que cobriam as juntas metálicas das cantarias de mármore em torno dos cenotáfios.
  • Numerosas tapeçarias que cobriam os interiores do mausoléu.
  • As lâmpadas esmaltadas do interior.
Plano britânico para demolir o Taj Mahal

Uma historia frequentemente repetida narra que Lord William Bentinck (governador da Índia na década de 1830) pensou em demolir o Taj Mahal e vender o mármore. Em algumas versões do mito, a demolição esteve iminente, mas não começou porque Bentinck foi incapaz de criar uma projeto viável do ponto de vista financeiro. Não há provas da época sobre tal plano, que pode ter sido difundido no final do século XIX quando Bentinck era criticado por seu insistente utilitarismo e Lord Curzon enfatizava a negligência em que haviam incorrido os anteriores responsáveis do monumento, apresentando-se a si mesmo como um salvador do património indiano.

De acordo com John Rosselli, biógrafo de Bentinck, a história foi criada a partir de outros acontecimentos, de tipo diferente: a venda de mármore proveniente do forte de Agra e a de um famoso embora obsoleto canhão, em ambos casos com fins de beneficência.

O templo de Shiva

O presidente do instituto revisionista indiano, P.N. Oak, tem afirmado repetidamente que o Taj Mahal foi na realidade um templo hindu dedicado ao deus Shiva, usurpado e remodelado por Shah Jahan. Segundo ele, o nome original do templo era "Tejo Mahalaya", que logo passou a "Taj Mahal" mediante corrupção fonética.

Oak assegura também que os túmulos de Humayun, Akbar e Itimiad-u-Dallah, tal como a cidade do Vaticano em Roma, a Kaaba em Meca,Stonehenge, e "todos os edifícios históricos" na Índia, foram templos ou palácios hindus.

O Taj é apenas uma mostra típica de como todos os edifícios históricos de origem hindu desde Caxemira ao Cabo Comorim, têm sido atribuídos a este ou aquele governo muçulmano.

Em seguida assegurou que o Taj "não era" um templo de Shiva, mas que poderia ter sido o palácio de um rei do Rajput. De qualquer modo mantinha a sua acusação de que o monumento era de origem indiana, roubado por Shah Jahan e adaptado como túmulo. Oak assegurava que Mumtaz não estava sepultada ali. Disse também que os numerosos testemunhos da época relativos à construção do Taj Mahal, incluindo os volumosos registos financeiros de Shah Jahan e das suas directivas sobre a obra eram fraudes elaboradas para ocultar a origem hindu.

Estas provocantes acusações fizeram que Oak fosse conhecido pelo público através dos media. Chegaram a iniciar-se demandas judiciais para conseguir a abertura dos cenotáfios e a demolição por parte da alvenaria do primeiro piso, já que nesses "falsos túmulos" e em "salas seladas" se ocultariam vários elementos correspondentes aoShivalingam ou outro monumento.

As acusações de Oak não são aceites pelos especialistas, mas estes mitos têm sido igualmente utilizados por vários activistas do nacionalismo hindu.

Em 2000 a Supremo Tribunal de Justiça indeferiu as petições de Oak relativas à declaração de origem hindu do Taj Mahal, e condenou-o a pagar os custos judiciais. De acordo com Oak, a rejeição pelo governo indiano da sua petição é parte de uma conspiração contra o hinduísmo.

Cinco anos depois, o tribunal de Allahabad rejeitou uma petição similar, neste caso interposta por Amar Nath Misrah, um pregador que assegura que o Taj Mahal foi construído pelo rei hindu Parmar Dev em 1196.

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