"Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular"

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Russia: Principado de Moscou

A Moscóvia, também conhecida como Principado de Moscovo foi a entidade antecessora do Império Russo e sucessora do Rússia Kievana nas suas terras nórdicas. Este período da história da Rússia costuma situar-se entre os princípios do século XIV até ao princípio do século XVIII. Moscovo era o local de origem dos Czares russos.
Quando os mongóis invadiram as terras da Rússia Kievana, Moscou não passava de um insignificante posto de comércio no principado de Vladimir-Súzdal. No inverno de 1238 os mongóis incendiaram a cidade, além de em 1293, em um ataque punitivo, a saquearem. Apesar disso, a localização remota, situada em uma área de florestas, oferecia certa segurança contra os ataques mongóis e ocupação, e muitos rios ofereciam acesso para os mares Báltico e Negro e a região dos montes Cáucaso. No entanto o mais importante para o desenvolvimento de Moscou no que viria a ser o estado da Moscóvia, foi o papel desempenhado por uma série de príncipes ambiciosos, determinados e sortudos.
No século XV, os grão-príncipes da Moscóvia começaram a reunir as terras russas para aumentar a população e riqueza sob seu domínio. O mais bem sucedido foi Ivan III o Grande, que governou Moscou entre 1462 a 1505. Seu maior feito foi ter libertado os principados russos de quase dois séculos e meio de jugo tártaro-mongol, derrotando-os em 1480 na Batalha do rio Ugra. Ivan III foi o primeiro governante moscovita a utilizar os títulos de czar e "Soberano de todas as Rússias".
No começo do século XVI o estado Russo passou a ter como meta o retorno de todos os territórios russos perdidos por conta da invasão mongol e para proteger as terras fronteiriças contra ataques das hordas. O nobre, recebendo do soberano, ficou obrigado de servir no exército. Tal sistema se tornou a base do exército de cavalaria nobre.
A consolidação interna foi acompanhada no plano externo pela expansão territorial do Estado. No século XV, os governantes da Moscóvia consideraram todo o território russo como sua propriedade coletiva. Vários principados semi-independentes da linhagem Ryurikida reivindicavam algum território em espacial, porém Ivan III forçou os principados menores a reconhecer o grão-príncipe da Moscóvia e seus descendentes como governantes inquestionáveis com controle sobre assuntos militares, judiciais e externos.
Aos poucos, o governante moscovita emergiu como um governante poderoso, autocrático, um czar. Ivan IV foi coroado czar e foi reconhecido, pelo menos pela Igreja Ortodoxa Russa, como imperador. Um monge ortodoxo reivindicou que, Constantinopla caiu diante do Império Otomano em 1453, o czar moscovita era o único governante legítimo ortodoxo e que Moscovo era a Terceira Roma por que era o sucessor final da Antiga Roma e Constantinopla, os centros da cristandade nos primeiros períodos. Tal conceito ressoou na auto-imagem dos russos nos próximos séculos.
Após o governo de Ivan, o Terrível, que assumiu a posição de czar a um nível sem precedentes, demonstrando os riscos de um poder nas mãos por um indivíduo mentalmente instável. Apesar de aparentemente ser inteligente e enérgico, Ivan sofria de paranóia e depressão, e seu governo foi marcado por atos de extrema violência, e dividiu a Rússia em duas partes: seu domínio pessoal e o domínio público. Para seu domínio privado, Ivan escolheu os mais prósperos e importantes distritos da Rússia. Nessas área os agentes do czar atacaram boiardos, mercadores e por vezes pessoas comuns, executadas sumariamente com suas propriedades e bens confiscadas. Isso começou uma década de terror na Rússia. Como resultado desta política, chamada a oprichnina, Ivan destruiu o poder político e econômico das principais famílias boiardas, deste modo destruindo precisamente estas pessoas que construíram Moscóvia e eram as mais capacitadas a administrá-las. Isso refletiu com a diminuição do comércio, e os camponeses, diante de taxas enormes e ameaças de violência, começaram a deixar a Rússia. Esforços para a estimular mobilidade dos camponeses para mantê-los em suas terras levou a Rússia a uma situação próxima a servidão legalizada. Em 1572 Ivan abandonou as práticas da oprichnina.
Apesar da turbulência interna do final do período de Ivan, a Rússia continuou com suas guerras de expansão, porém essas guerras prejudicaram a Rússia. Alguns historiadores acreditam que Ivan criou a oprichnina para mobilizar recursos para suas guerras e calar a oposição quanto a isso. Independente do motivo, as políticas interna e externa de Ivã tiveram um efeito devastador na Rússia, levando-a a um período de guerra civil e lutas civis, como foi caracterizado o Período dos Problemas.
Ivã IV foi sucedido por seu filho Fedor, que era mentalmente deficiente. O poder então nas mãos do boiardo Boris Godunov, cunhado de Fedor. Talvez o mais importante acontecimento do reinado de Fedor foi a proclamação do patriarcado de Moscou em 1589. A criação do patriarcado culminou na criação de uma Igreja Ortodoxa Russa separada e totalmente independente do Estado.
Por mais de uma década a Rússia esteve em uma situação caótica, porém a instituição de uma autocracia continuou intacto





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