"Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular"

terça-feira, 4 de maio de 2010

Nepal – Parque Nacional Sagarmatha

IMG_7169 Sem a menor sombra de dúvidas, o Parque Nacional do Sagarmatha é o mais bonito que já visitamos. E não é só as montanhas, se bem que as montanhas são a parte fundamental do parque, mas é todo o conjunto de natureza extrema, cultura local, vegetação e o clima que paira sobre os visitantes.

Ao contrário do trekking no Mt. Kilimajaro, desta vez nós seguimos a receitinha de bolo da aclimatação, devagar até os 3000 metros, um dia parados nos 3000 metros e pouquinho, depois ascensões de 300 ou 400 metros por dia até os quase 5000 e mais um dia de aclimatação. E não teve erro! Senti umas dores de cabeça nos primeiros dias da ascensão após os 3000, mas os médicos voluntários do parque falaram que é super normal. Com este esquema não precisamos de nenhuma medicação extra e conseguimos passar 8 dias acima dos 4800 metros sem problemas.

Os primeiros dias de trekking foram mamão com açúcar, principalmente por causa da aclimatação, que só nos permitia caminhar de 3 a 4 horas por dia. Os dias de altitude foram mais puxados, principalmente porque caminhar fica bem mais difícil quando falta o tal do oxigênio, e parece que a mochila ganha uns quilos extras.

  Todos os dias tentávamos começar a caminhada o mais cedo possível, mesmo com o frio, pois é de manhã que o céu ficava limpo e dava para apreciar melhor as paisagens. Assim, no máximo as duas da tarde (tinha dia que era até as 10 da manhã), já estávamos devidamente acomodados nas Casas de Chá. O resto do dia, aproveitávamos para explorar os vilarejos, jogar baralho, ler um livro e bater papo com o pessoal.

As Casas de Chá eram confortáveis, na medida do possível, todas compostas por uma sala de jantar, com aquecimento, cozinha, um ou dois banheiros, uma sala para banho (geralmente um quartinho com um ralo no chão, e uma torneira no teto, a água era aquecida no forno a lenha, ou gás, e colocada em um balde em cima do teto), e muitos quartos, todos separados por uma madeira bem fina (tipo compensado), bem pequenos, com espaço para duas caminhas com colchão bem fininho, e sem nenhum tipo de aquecimento.  A higiene era bastante precária na maioria destas casas. Mas é que o povo daqui não acredita em microorganismos invisíveis (o que é difícil de entender pois o ar é invisível, a religião é invisível e eles continuam acreditando em tudo isso…). Os proprietários eram os sherpas (povo local), muito simpáticos, cheios de histórias, alguns deles alcançaram o cume do Mt. Everest algumas vezes.

Nestas salas de jantar conhecemos muita gente interessante, de todas as partes do mundo. Por exemplo, um espanhol na faixa dos cinquentas (ou mais), que subiu o Mt. Aconcagua 27 vezes e o Mt. Kilimajaro 16, e em 1980 ele tentou o Mt. Everest, mas infelizmente só chegou até o Colo Sul. E um médico islraelense de 61 anos, que teve câncer cerebral e metástase pulmonar ano passado, se curou e quando perguntaram o que era saúde para ele, ele respondeu que saúde era fazer um trekking no Nepal. E lá estava ele, caminhando por 25 dias.

Nós atingimos todos os pontos que estavam em nossos planos: o Pico Gokyo ( 5.360 m), o Passo Cho la (5.330 m) – o mais difícil dos 4, o Pico Kala Patar (5.545 m) e o Acampamento Base do Monte Everest ( 5.364 m). E é claro que ficamos com um gostinho de quero mais…

2 comentários:

  1. Ciça e Júlio
    Quanta emoção!!!
    Uma maravilha esse pedaço do mundo assim descrito por vocês. Estou muito curioso em ver as fotos.
    Um beijão
    Marcus e Arlete

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  2. Parabens pelas conquistas, Ciça e Julio Henrique.
    Vão em frente e que Deus os abençõe.
    Tadeu

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