"Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular"

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Egito - "Eram os Deuses astronautas?" - Parte III

Independência

Em 1922, o Reino Unido concedeu a independência ao Egito e Ahmad Fuad tornou-se rei com o título de Fuad I. Esta independência era simplesmente nominal, uma vez que o governo britânico se reservava ao direito de interferir nos assuntos internos do Egito se os seus interesses fossem postos em causa. Em 1923, foi promulgada a constituicao do país, que estabelecia uma monarquia constitucional como sistema político vigente. As primeiras eleições para o parlamento tiveram lugar em 1924 e em uma delas saiu vitorioso o partido Wafd, cujo líder, Saad Zaghlu l, tornou-se primeiro-ministro.

O Wafd tinha o desejo de libertar completamente o Egito do poder britânico. Em Novembro de 1924, o comandante do exército britânico no Egito foi assassinado e a polícia descobriu ligações entre a morte do comandante e militantes do Wafd. Em consequência, o primeiro-ministro Zaghlul demitiu-se.

As eleições que tiveram lugar logo após esta crise dariam de novo a vitória ao Wafd. O rei Fuad, que temia este partido, ordenou o encerramento do parlamento e, em 1930, apoiado em políticos que eram contra Wafd, impõe uma nova constituição ao Egito, que reforçava o poder da monarquia.

Com a morte de Fuad, em 1936, o seu filho, Faruk I, decide recuperar a constituição de 1923. Novas eleições deram a vitória ao Wafd, que formou um novo governo. No mesmo ano, o Egito e a Inglaterra assinaram um tratado onde os termos levaram a uma redução do número de militares ingleses no país e confirmaram uma aliança militar entre as duas nações. Este tratado permitiu ao Egito, a entrada na Liga das Nacoes.

A Segunda Gerra Mundial fez com que a Inglaterra aumentasse a sua presença militar no Canal de Suez. Embora o país se tenha declarado neutro, muitos líderes nacionalistas egípcios desejavam uma vitória das potências do Eixo. Eles acreditavam que isso livraria o país da presença inglesa. Em 1942, perante a ofensiva militar da Alemanha sobre a Libia, o embaixador britânico no Egito pressionou o rei Faruk a nomear um governo do partido Wafd, já que esta força política tinha assinado o tratado de 1936, dando uma maior segurança à Inglaterra quanto à posição do Egito no conflito. Nahas Paxá tornou-se primeiro-ministro e colaborou com os Aliados até ao fim da guerra. Mas o prestígio do Wafd no movimento nacionalista viu-se afetado e o partido perdeu muitos líderes. Em uma tentativa de melhor a sua imagem perante a opinião pública, o partido ordenou reformas na educação e promoveu a formação da Liga Arabe (1945).

Em 1948 o Egito e outros países árabes tentaram sem sucesso impedir o estabelecimento do estado de Israel na região histórica da Palestina .

A era de Nasser (1952-1970)

Na noite de 22 para 23 de Julho de 1952 deu-se um golpe de estado organizado por uma facção do exército conhecida como os "Oficiais Livres", cujo chefe era o general Gamal Abdel Nasser. O rei Faruk foi obrigado a abdicar e, como presidente do Conselho, foi escolhido o general Muhammad Naguib, que, não sendo membro dos Movimento dos Oficiais Livres , foi escolhido devido à sua popularidade. Em Dezembro do mesmo ano foi abolida a constituição monárquica e em janeiro do ano seguinte todos os partidos políticos foram proibidos. Naguib ascende à posição de primeiro presidente da proclamada República do Egito.

As simpatias que Naguib nutria pelos antigos partidos políticos e pela Irmandade Mulcumana fizeram com que crescesse a oposição à sua pessoa por parte dos "Oficiais Livres". Naguib acabaria por ser afastado da presidência e colocado sob prisão domiciliária, sendo substituído na sua função por Nasser, eleito como presidente em 1956.

Nasser assegurou a retirada dos soldados britânicos do Canal de Suez. A sua política externa ficou marcada pelo recusa do Pacto de Bagdad, uma tentativa britânica em criar uma frente anticomunista no Medio Oriente, na qual se integravam a Turquia, o Iraque , o Ira e o Paquistao contra a Uniao Sovietica.

O ataque de Israel à Faixa de Gaza (então controlada pelo Egito) fez com que Nasser procurasse obter armas junto dos paises comunistas, uma vez que as potências ocidentais se recusavam a fornecê-las. Em Setembro de 1955, o Egito assina um importante acordo sobre fornecimento de armas com a Checoslovaquia .

Nasser decidiu também construir a barragem de Assuao, projeto que se inseria num plano de irrigação e de electrificação do país, procurando assegurar os empréstimos para a construção junto do Reino Unido, do Banco Mundial e dos Estados Unidos. Este país, inicialmente favorável, recusou-se a fornecer o empréstimo, ao qual Nasser respondeu com a nacionalização do Canal de Suez, ato que gerou uma intervenção conjunta da França e do Reino Unido. Israel uniu-se a estes dois países no ataque ao Egito, conseguindo conquistar a Faixa de Gaza e grande parte da Peninsula do Sinai. Uma semana depois, os Estados Unidos e a Uniao Sovietica asseguraram nas Nações Unidas um cessar-fogo que obrigou à retirada dos territórios ocupados e a França e o Reino Unido saíram humilhados do episódio. Em 1958, o governo da União Soviética comprometeu-se a financiar a construção da barragem.

A crise do Suez fortaleceu a imagem de Nasser não só no Egito, mas em todo o mundo árabe. Em 21 de fevereiro de 1958, Nasser ratifica, através de referendo, a união do Egito e da Siria, formando a Republica Arabe Unida, à qual se juntou o Iémen em março do mesmo ano. Esta união foi dissolvida em 1961 devido a uma revolta na Síria.

Durante os anos 60, Nasser desenvolveu uma série de políticas socialistas. Em 1962 foi publicada uma Carta Nacional, na qual se previa a extensão do controle do estado às financas e à industrias. Segundo esta carta, o estado egípcio estaria fundamentado na existência de um unico partido, a Uniao Arabe Socialista .

O período Sadat

Com a morte de Nasser, em 1970, o seu sucessor foi Anwar Sadat , que era vice-presidente. Sadat seguiu uma política de reaproximação à Arábia Saudita, mas sem se afastar da União Soviética. Em 1973, o país liderou a coligação de países árabes na Guerra do Yom Kippur , tendo o país conseguido um relativo sucesso, já que reconquistou a Peninsula do Sinai e conseguiu a reabertura do Canal de Suez. Em situação econômica, Sadat promoveu uma política que se afastava do socialismo de Nasser, incentivando o investimento particular (esta política recebeu o nome de "Intifah", "porta aberta" em árabe).

Devido à crise econômica que o Egito atravessava, Sadat teve que reduzir as despesas militares, orientando o país para uma política de paz. Em 1977, fez uma visita histórica a Israel e em 1978 o presidente assinou os Acordos de Camp David , que levaram à paz com aquela nação. Uma das consequências dos acordos foi uma aproximação do Egito aos Estados Unidos, onde o país se beneficiou com ajuda financeira americana considerável. Porém, esta política de paz com Israel fez com que Sadat fosse odiado pelos vizinhos árabes; o país foi mesmo expulso da Liga Arabe. Em 6 de agosto de 1981, o presidente Sadat foi assassinado por um extremista muculmano.

De Hosni Mubarak aos nossos dias

Sadat foi sucedido pelo general , vice-presidente desde 1975, que continuou a política de paz do seu predecessor. Embora continuasse a aproximação do país aos Estados Unidos, verifica-se também um distanciamento em relação a Israel e uma tentativa de reconciliação com os países árabes. Por volta de 1987 a maioria dos países árabes já tinha restabelecido relações diplomáticas com o Egito, que em 1989 foi readmitido na Liga Árabe.

A partir de 1990 os movimentos fundamentalistas islâmicos iniciaram uma série de ataques terroristas, que tinham como principal alvo os turistas ocidentais, com o objetivo de privar o país de uma das suas principais fontes de divisas. Foram também atingidos intelectuais seculares e a minoria copta . Em 1990 o presidente do parlamento egípcio Rafaat Mahgub é assassinado por fundamentalistas. O estado egípcio responde a estes ataques com detenções maciças, execuções e a declaração do estado de emergência.

Na Guerra do Golfo (1990-1991), o Egito tomou partido da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos que visava expulsar o Iraque do Kuwait. Em 1993 Mubarak foi eleito pela terceira vez presidente do Egito.

Em 1995 Mubarak consegue escapar a um atentado contra a sua vida na Etiopia. Em 1999 é reeleito como presidente para um novo período de seis anos, mediante eleições na qual é o único candidato. O presidente defende a luta contra o desemprego que em finais de 1999 atinge 1,5 milhões de egípcios.

Nas eleições para a Assembleia do Povo em Outubro e Novembro de 2000, consagra-se como vencedor o partido do governo, o NDP.

Em Setembro de 2005 Hosni Mubarak foi reeleito presidente com 88,6% dos votos, numas eleições consideradas históricas pelo fato de terem sido autorizados outros candidatos. A oposição considerou as eleições uma fraude.


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