"Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular"

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

China – História – parte II: China Imperial

Dinastia Qin: o início da China imperial (221 – 206 a.C.)

Os historiadores costumam denominar de China Imperial o período entre o início da Dinastia Qin (século III a.C.) e o fim da Dinastia Qing (no começo do século XX). Embora seu reinado sobre uma China unificada tenha durado apenas doze anos, o imperador Qin subjugou grande parte do que se constitui no cerne das terras chinesas e uni-las sob um governo altamente centralizado com sede em Xianyang (a atual Xian). A doutrina do legalismo, pela qual se orientava o imperador, enfatizava a observância estrita de um código legal e o poder absoluto do monarca. Tal filosofia, embora muito eficaz para expandir o império pela força, não servia para governar em tempo de paz. Os qins promoveram o silenciamento brutal da oposição política.

A Dinastia Qin é famosa por ter iniciado a Grande Muralha da China, que foi posteriormente ampliada e aperfeiçoada durante a Dinastia Ming. Incluem-se entre as demais contribuições dos qin, a unificação do direito, da linguagem escrita e da moeda da China, bem-vindas após as tribulações dos períodos da Primavera e do Outono e dos Reinos Combatentes. Até mesmo algo tão prosaico como o comprimento dos eixos das carroças teve que ser uniformizado de modo a permitir um sistema comercial viável que abrangesse todo o império.

Dinastia Han: uma fase próspera ( 206 a.C. – 220 d.C.)

A Dinastia Han emergiu em 202 a.C., como a primeira a adotar a filosofia do confucionismo, que se tornou a base ideológica de todos os regimes chineses até o fim da China Imperial. Durante esta fase, a China logrou grandes avanços nas artes e nas ciências. O Imperador Wu consolidou e ampliou o império, permitindo abrir as primeiras ligações comerciais entre a China e o Ocidente: a Rota da Seda.

Depois de uma fase de instabilidade, o Imperador Guangwu reinstituiu a Dinastia Han, sediada agora em Luoyang, próximo a Xian. A Rebelião do Turbante Amarelo, protagonizado pelos camponeses, estalou em 184 e resultou numa era de chefes guerreiros. No caos subseqüente, três Estados buscaram a preeminência durante o chamado Período dos Três Reinos (220 – 278).

Dinastia Jin e Grupos Étnicos não-hans ( 278 – 581)

Embora os três grupos tenham sido temporariamente unificados em 278 pela Dinastia Jin, os grupos étnicos não-hans controlavam boa parte do país no início do século IV e provocou a criação de diversos Reinos com breves dinastias não-chinesas, que incluíam os ancestrais dos turcos, mongóis e tibetanos.

Dinastia Sui: reunificação ( 581 – 618)

A Dinastia Sui reunificou o país em 581, após quase quatro séculos de fragmentação política na qual o norte e o sul se desenvolveram independentemente.

Dinastia Tang: a volta da prosperidade (618 – 907)

Em 18 de junho de 618, Gaozu tomou o poder e estabeleceu a Dinastia Tang. Iniciou-se então uma era de prosperidade e inovações nas artes e na tecnologia. O budismo, que se havia instalado gradualmente na China a partir do século I, tornou-se a religião predominante e foi adotada pela família imperial e pelo povo.

Os tangs, da mesma forma que os hans, mantiveram abertas as rotas comerciais para o Ocidente e para o sul; diversos comerciantes estrangeiros fixaram-se na China.

Período das Cinco dinastias e dez reinos

Cinco regimes sucederam-se rapidamente no controle do tradicional coração territorial do país, no norte, enquanto que dez regimes mais estáveis ocupavam porções do sul e do oeste da China.

Divisão política: os liaos, os sungs, os xias ocidentais, os jins

Em 960, a Dinastia Sung (960-1279) logrou controlar a maior parte da China e escolheu Kaifeng para sua capital, dando início a um período de prosperidade econômica, enquanto que a Dinastia Liao governava a Manchúria e a Mongólia. Em 1115, subiu ao poder a Dinastia Jin (1115-1234) e aniquilou a Dinastia Liao. Tomou a China setentrional e Kaifeng das mãos da Dinastia Sung. A China encontrava-se então dividida entre a Dinastia Jin, ao norte, a Dinastia Sung Meridional, ao sul, e os xias ocidentais, a oeste.

Os mongóis e a Dinastia Yuan (1279 – 1368)

O Império Jin foi derrotado pelos mongóis, que em seguida subjugaram os sungs meridionais. Com isto, a China foi mais uma vez unificada, mas agora como parte de um vasto Império Mongol. Neste período, Marco Polo visitou a corte imperial em Pequim. Os mongóis dividiam-se então entre os que preferiam manter sua base nas estepes e aqueles que desejavam adotar os costumes dos chineses hans. Um destes era Kublai Khan, neto de Gêngis Khan e fundador da Dinastia Yuan, a primeira a governar toda a China a partir de Pequim.

Dinastia Ming: nova hegemonia dos hans (1368 – 1644)

O forte sentimento popular hostil ao governo "estrangeiro" levou a rebeliões camponesas que terminaram por repelir os mongóis de volta às estepes e a instituir a Dinastia Ming em 1368.

Durante o governo mongol, a população havia sido reduzida em 40 por cento, para um total estimado em 60 milhões de pessoas. Dois séculos depois, a população dobrara de tamanho, o que deu causa a uma maior urbanização e à maior complexidade da divisão do trabalho. Surgiram pequenas indústrias, dedicadas à produção de papel, seda, algodão e porcelana, em especial em grandes centros urbanos como Pequim e Nanquim. Prevaleciam, porém, as pequenas cidades com mercados que comerciavam principalmente comida mas também alguns itens manufaturados, como alfinetes e azeite.

Talvez devido ao passado camponês do imperador, o sistema econômico Ming enfatizava a agricultura, ao contrário do que fizeram as Dinastias Sung e Mongol, cujas finanças se baseavam no comércio. As grandes propriedades rurais foram confiscadas pelo governo, divididas e arrendadas. Proibiu-se a escravidão privada, o que fez com que os camponeses com a posse da terra predominassem na agricultura. Tais políticas permitiram aliviar a pobreza causada pelos regimes anteriores.

O Imperador procurou ampliar a influência da China além de suas fronteiras, ao exigir que outros governantes lhe enviassem embaixadores para pagar tributo. Construiu-se uma grande marinha, inclusive navios de quatro mastros com deslocamento de 1.500 t. Criou-se um exército regular de um milhão de homens. As forças chinesas conquistaram parte do que é hoje o Vietnã, enquanto que a frota imperial navegava pelos mares da China e o Oceano Índico, chegando até a costa oriental da África. Os chineses estenderam sua influência até o Turquestão. Diversas nações asiáticas pagaram tributo ao imperador. Internamente, o Grande Canal foi ampliado, com impacto positivo sobre o comércio. Produziam-se mais de 100.000 t de ferro por ano. Imprimiam-se livros com o uso da tipografia. O palácio imperial da Cidade Proibida atingiu então ao seu atual esplendor. Enfim, o período Ming parece ter sido um dos mais prósperos para a China. Também foi naquela época que o potencial do sul da China veio a ser totalmente explorado. O testemunhou a última ampliação da Grande Muralha da China.

Dinastia Qing (1644-1911)

A Dinastia Qing  foi fundada após a derrota dos Mings, a última dinastia han chinesa, pelas mãos dos manchus. Estes, anteriormente conhecidos como jurchens, invadiram a China a partir do norte no final do século XVII. Embora os manchus fossem conquistadores estrangeiros, adotaram rapidamente as tradicionais regras de governo confucianas e terminaram por governar na mesma linha das dinastias nativas anteriores.

Os manchus obrigaram os hans a adotar o seu estilo de penteado e de vestimenta, sob pena de morte.

Para evitar uma assimilação completa pela sociedade chinesa, os manchus estabeleceram um sistema de "oito estandartes" (ou "bandeiras"), divisões administrativas - oriundas de tradições militares manchus - nas quais as famílias manchus se distribuíam. Os manchus na China empregavam a sua própria língua, mantinham suas tradições, como o tiro com arco e o hipismo, e detinham privilégios econômicos e legais nas cidades chinesas.

Ao longo do meio século seguinte, os manchus consolidaram o seu controle sobre o território antes pertencente aos mings e ampliaram sua esfera de influência para incluir Xinjiang, o Tibete e a Mongólia.

O século XIX testemunhou o enfraquecimento do governo Qing, em meio a grandes conflitos sociais, estagnação econômica e influência e ingerência ocidentais. O interesse britânico em continuar o comércio de ópio com a China colidiu com éditos imperiais que baniam aquela droga viciante, o que levou à Primeira Guerra do Ópio, em 1840. O Reino Unido e outras potências ocidentais, inclusive os Estados Unidos, ocuparam "concessões" à força e ganharam privilégios comerciais. Hong Kong foi cedida aos britânicos em 1842 pelo Tratado de Nanquim. Também ocorreram naquele século a Rebelião Taiping (1851-1864) e o Levante dos Boxers (1899-1901). Em muitos aspectos, as rebeliões e os tratados que os qings se viram forçados a assinar com potências imperialistas são sintomáticos da incapacidade do governo chinês em reagir adequadamente aos desafios que enfrentava a China no século XIX.

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